Japamala
Japamala: o que é, como é feito, para que serve e como se usa?
O que é?
Japamala (japamālā, जपमाला) é um cordão sagrado feito de contas, usado para ajudar o praticante de meditação a entrar no estado meditativo. O nome japamala é masculino ("o" japamala), tem origem no sânscrito e é uma palavra composta: japa é o ato de sussurrar ou murmurar repetidamente mantras ou nomes de divindades e mālā significa guirlanda, grinalda ou coroa. Dessa forma, podemos chamá-lo de japamala ou simplesmente de mala, quando queremos referir-nos ao cordão físico contendo as contas. O japamala tem origem na tradição hinduísta do yoga, mas é usado também pelos budistas e provavelmente influenciou os católicos na criação do rosário ou terço.
Como é feito?
O mala tradicional do hinduísmo contém 108 contas, mas há também malas com 54 ou 27 contas (sempre múltiplos de 9). O número 108 sempre foi considerado auspicioso pelos yogues, pois acreditavam que a distância entre a Terra e o Sol equivalia a 108 vezes o diâmetro do Sol e, igualmente, que a distância entre a Terra e a Lua era igual a 108 vezes o diâmetro da Lua.
Além disso, qualquer número, quando multiplicado por 9 e somados seus dígitos, resulta em 9 (exemplo: 3x9=27, sendo que 2+7=9). Isso significa que o universo, apesar de sua multiplicidade infinita, pode ser resumido em uma única substância, o Brahman.
Os japamalas budistas contêm um marcador a cada 27 contas - o japamala de 108 contas possui, portanto, 3 marcadores. As contas podem ser feitas de vários materiais: sementes de rudrakṣa, sementes de açaí, madeira ou pedras naturais. Além das contas, o japamala necessariamente deve conter uma conta que destaca-se das demais, o meru. Na mitologia hindu, o topo do monte Meru é a morada do deus Brahma e o lugar de encontro de todos os deuses - o equivalente ao Olimpo grego. Junto ao meru, o japamala geralmente é decorado com um tassel.
Para que serve?
O processo meditativo envolve diversas fases em que o praticante percorre um caminho de fora para dentro. O processo tem início com a observância cotidiana de preceitos éticos e morais no relacionamento com os outros e consigo mesmo e se completa quando o meditante coloca-se em postura adequada e passa a controlar a respiração, retraindo os sentidos, diminuindo a amplitude e o volume dos pensamentos, concentrando-se num único ponto e, finalmente, abandonando esse único ponto para experimentar o êxtase resultante do não-pensar. Uma das fases mais difíceis para o meditante é justamente a que diz respeito ao controle dos pensamentos e à concentração, pois a mente começa a divagar sem que o praticante perceba e, ao dar-se conta, já está pensando nas contas a pagar, nos compromissos do dia seguinte, nas situações estressantes pelas quais passou durante o dia e nos ruídos que o cercam. Ao repetir um mantra ou o nome de uma divindade, o meditante constroi para si uma base a partir da qual fica evidente qualquer distração ou divagação, possibilitando o retorno imediato da mente a essa base. Aliás, a palavra mantra, que também vem do sânscrito e traduz-se por verso místico ou fórmula mágica, significa também proteção da mente, uma vez que resulta da palavra manas (mente) aliada ao termo tra (proteção). Com o japamala em mãos, o meditante pode concentrar-se totalmente no mantra ou palavra que escolheu entoar, sem preocupar-se em contar o número de vezes que os entoa. Com isso, o praticante consegue relaxar, aprofundar sua respiração, acalmar a mente e atingir estados profundos de controle mental, ligando-se à sua natureza essencial.
Como se usa?
Já com a postura e a respiração controladas e relaxadas, o meditante segura seu japamala com uma das mãos. Apoiando-o em seu dedo médio, usa o polegar para puxar cada uma das 108 contas; cada vez que o mantra ou o nome da divindade é mentalizado ou pronunciado, puxa-se uma conta. O dedo indicador não deve tocar as contas do japamala, pois representa o ego e está associado ao pensamento - e o objetivo da meditação é justamente o de suspender a ação do pensamento. O meru não deve ser contado como as demais 108 contas, porque é a representação de Brahman, do absoluto, de nosso aspecto eterno e imutável e por isso está fora da roda do samsara, entretanto é o meru que marca o início e o final do ciclo do japamala. Terminando a passagem pelas 108 contas, caso o praticante queira continuar e fazer mais uma volta, não deve passar por cima do meru; em vez disso, deve virar o cordão e continuar a fazer o japa na direção inversa. Para surtir efeito, a prática da meditação deve ser frequente.
Mais do que um cordão físico de contas, o japamala é um objeto devocional e pode, sempre que desejado, ser usado no corpo, no bolso, na bolsa, no pulso ou ficar próximo ao meditante, como uma agradável lembrança da presença do sagrado em sua vida. Quando quiser guardá-lo, deve escolhe um lugar limpo e relevante - de preferência perto ou ao redor da estátua de sua divindade de devoção.